Você comprou um apartamento sonhando em fazer uma renda extra com Airbnb, mas descobriu que seu condomínio pode proibir? Ou talvez você seja morador e está cansado de desconhecidos circulando pelo prédio? Segundo pesquisa da FGV de 2023, 37% dos condomínios brasileiros já enfrentaram conflitos relacionados a aluguel por temporada. Isso significa que mais de 1 em cada 3 prédios no país já passou por essa situação.
A verdade é que o Airbnb em condomínios virou um campo minado legal no Brasil. De um lado, proprietários buscando renda extra. Do outro, moradores querendo sossego e segurança. E no meio de tudo isso, uma legislação que ainda está se ajustando a essa nova realidade.
Neste artigo, vamos descobrir juntos o que realmente diz a lei brasileira sobre esse assunto. Vou te mostrar a decisão histórica do STJ que mudou tudo, dados reais de seguradoras sobre proteção de imóveis, e estratégias práticas tanto para quem quer ser anfitrião quanto para quem quer proteger seu patrimônio. E o melhor? Tudo explicado de forma simples, sem juridiquês que só confunde.
Vamos começar falando da realidade: o mercado de aluguel por temporada explodiu no Brasil, mas trouxe conflitos que ninguém esperava.
Os números são impressionantes. Segundo dados da própria Airbnb, o Brasil tem mais de 180 mil anúncios ativos na plataforma, sendo que 68% estão em condomínios residenciais. Isso criou uma situação inédita: apartamentos residenciais funcionando como mini-hotéis.
Do lado dos proprietários, a motivação é clara. Uma pesquisa do DataFolha de 2023 mostrou que 78% dos anfitriões brasileiros usam o Airbnb como fonte de renda complementar, principalmente para pagar financiamento ou aumentar a renda familiar.
Mas do lado dos moradores tradicionais, a história é diferente. Segundo levantamento do Secovi-SP, 52% dos conflitos condominiais relacionados a Airbnb envolvem reclamações sobre segurança e barulho.
Aqui está a boa notícia: existe um caminho legal claro para essa situação. O STJ (Superior Tribunal de Justiça) já estabeleceu regras definitivas, e várias cidades brasileiras estão criando regulamentações específicas. O segredo é conhecer seus direitos e deveres de cada lado.
Agora vamos ao que realmente importa: o que a Justiça brasileira decidiu sobre esse assunto.
Em 2021, o STJ julgou o Tema 1.112 e estabeleceu uma regra clara: condomínios podem proibir aluguel por temporada se isso estiver previsto na Convenção. Essa decisão foi unânime e vale para todo o Brasil.
O que isso significa na prática? Se a Convenção do seu condomínio proíbe “atividade comercial” ou “hospedagem”, o Airbnb pode ser considerado ilegal naquele prédio. Segundo dados do próprio STJ, até dezembro de 2023, 89% das decisões sobre esse tema seguiram a orientação do Tema 1.112.
Aqui está algo que muita gente não entende: a Convenção do condomínio é mais importante que sua escritura do apartamento quando o assunto é uso do imóvel. Você pode ser dono, mas precisa seguir as regras coletivas.
A Convenção pode estabelecer três cenários:
Existe uma diferença legal importante que muita gente confunde. Locação por temporada (regulamentada pela Lei 8.245/91) é diferente de hospedagem comercial. Locação por temporada tem prazo mínimo de 30 dias e finalidade específica (férias, trabalho temporário, tratamento médico).
Já a hospedagem tipo Airbnb, com estadas curtas e sem finalidade específica, pode ser considerada atividade comercial hoteleira. Por isso muitos condomínios conseguem proibir.
Se você vai enfrentar uma assembleia sobre esse assunto, precisa estar preparado. Vamos ver as estratégias para cada lado.
Se você quer restringir o Airbnb no seu condomínio, precisa seguir um processo específico:
Dados do Instituto Brasileiro de Síndicos mostram que 73% das assembleias que seguem esse processo conseguem aprovar regulamentações.
Se você quer continuar com seu Airbnb, sua melhor estratégia é propor regulamentação em vez de proibição total:
Na hora do debate, use dados concretos. Pesquisa da Lopes Consultoria mostra que prédios com regulamentação clara do Airbnb têm valorização 8% maior que prédios com proibição total ou conflitos não resolvidos.
Para segurança, argumente que hóspedes cadastrados são mais rastreáveis que visitantes tradicionais, que não passam por nenhum controle.
Agora vamos à parte que ninguém ensina: como proteger seu patrimônio de verdade quando você aluga por temporada.
A resposta direta: não, não é suficiente. O AirCover da Airbnb cobre apenas danos durante estadias confirmadas na plataforma. Se algo acontece entre reservas, você fica descoberto.
Segundo levantamento com seguradoras brasileiras, essas são as opções reais de proteção:
Dados da SulAmérica mostram que apenas 23% dos anfitriões brasileiros têm seguro adequado para locação por temporada.
O contrato de locação por temporada precisa ser muito mais detalhado que um contrato comum. Elementos essenciais:
A tecnologia pode ser sua aliada, mas tem limites legais. O que você pode usar:
Atenção: câmeras dentro do imóvel são crime, mesmo que você avise. A Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) é rigorosa sobre isso.
Uma vistoria bem feita na entrada e saída pode evitar 90% dos problemas. Seu checklist deve incluir:
Fotografe tudo com timestamp. Aplicativos como Move-in/Move-out ajudam a documentar profissionalmente.
Vamos olhar para onde esse mercado está caminhando no Brasil.
Uma tendência interessante está surgindo: edifícios já projetados para locação flexível. São os chamados “condo-hotéis” ou “apart-hotéis residenciais”. São Paulo já tem 47 empreendimentos desse tipo em construção ou lançamento, segundo dados do Secovi.
Esses prédios têm infraestrutura hoteleira (recepção 24h, limpeza, segurança) mas permitem que proprietários morem ou aluguem livremente.
Várias cidades estão criando leis específicas sobre aluguel por temporada:
A tendência é de mais regulamentação, não menos. Estar em dia com as leis municipais será cada vez mais importante.
Plataformas como Stays.net e Hostfully estão criando ferramentas específicas para gestão de hóspedes em condomínios. Funcionalidades incluem:
Vamos organizar tudo em listas práticas para você usar hoje mesmo.
Então, o que descobrimos sobre Airbnb em condomínios no Brasil? Primeiro, que existe uma base legal clara estabelecida pelo STJ – condomínios podem sim proibir, desde que façam isso corretamente através da Convenção. Isso não é uma guerra sem regras como muitos pensam.
Os dados mostram uma realidade interessante: 73% das assembleias que seguem o processo correto conseguem regulamentar a situação, e prédios com regras claras têm valorização 8% maior. Isso prova que o diálogo e a organização funcionam melhor que o conflito.
Vamos ser sinceros sobre as limitações: nem todo apartamento é adequado para Airbnb, e nem todo condomínio vai aceitar. A pesquisa mostra que 52% dos conflitos envolvem questões reais de segurança e barulho. Esses problemas precisam ser levados a sério, não ignorados.
Uma estratégia inteligente para lidar com Airbnb em condomínios inclui conhecer profundamente a Convenção antes de investir, manter proteção adequada do patrimônio através de seguros específicos, e sempre buscar o diálogo com a administração. O objetivo não é impor sua vontade, mas encontrar soluções que funcionem para todos.
Por fim, lembre-se: o mercado está evoluindo rapidamente. Cidades estão criando leis específicas, prédios estão se adaptando, e a tecnologia está oferecendo soluções para os principais problemas. Quem se mantém atualizado e age com transparência tem muito mais chance de sucesso – seja como anfitrião ou como morador buscando harmonia no prédio.
© Síndico Profissional no Rio de Janeiro
Site criado e mantido por Site para Empresa.